Um dia de domingo qualquer...









Final de domingo, família reunida na sala vendo um filminho, tudo na santa paz! Ah, que maravilha essa qualidade de vida. Mas, nem sempre foi assim... Lembrei hoje daqueles dias de desespero.
Naqueles dias em que eu tentava voltar para minha casa e não conseguia. A alta compulsão em meu organismo, me escravizava, e a obsessão me forçava a usar drogas repetidas vezes, mesmo contra minha vontade.
Eu não tinha escolha, não podia escolher estar sentada no sofá da minha casa, com meus filhos e meu marido, assistindo a Tv. Um programa tão simples para milhões e milhões de pessoas, mas eu não conseguia; Hoje, até ver o chato do Faustão, interrompendo seus convidados no meio de uma resposta é gratificante. Qualquer coisa é melhor do que aquela vidinha medíocre que eu levava.
Gosto muito desse cenário que vejo em minha sala.... Meu marido deitado no sofá predileto dele, onde ninguém pode ficar, pois ele rosna, e eu meus filhos disputando um lugar na poltrona que restou. Gente, isso não tem preço... Essa qualidade de vida e essa vida simples que venho escolhendo a cada dia, é um milagre!
Como sonhei com isso, mas pensava que viver dessa maneira não era para mim... Como invejei aquela vizinha que lavava a calçada as 7 da matina. Eu pensava: Palhaça, está trabalhando igual a uma escrava para nada. Mas, no fundo eu queria fazer o mesmo que ela e não conseguia. Hoje, eu posso ser também um ser humano produtivo dessa sociedade. Posso ser útil, prestativa, esposa, mãe, filha, o que eu quiser...
A liberdade da recuperação me deu isso. Alias, essa foi a única coisa que o programa de 12 passos me prometeu quando cheguei na irmandade a 14 anos atrás. Me disseram que era possível parar de usar, perder o desejo e encontrar uma nova maneira de viver. E, eu acreditei! Bendita hora que acreditei.
Ontem foi sábado. Já faziam anos que eu não me arrumava para sair a sós com o maridão em um sábado a noite. Disse para o meu marido assim: Hoje vamos sair para dançar um pouco. Ele perguntou: Onde? Eu falei: Surpresa!
Bem, me arrumei todinha, e ele também. Entramos no carro, ele deu a partida e perguntou: Para que lado dirijo? Eu respondi: Não sei! rs. Percebemos que ficamos tempo demais fora das pistas e que não conhecíamos mais nenhum lugar bacana para ir. Ficamos especulado, pensando, tentando se lembrar de algum lugar maneiro e nada. De repente, saí com uma pérola: Ah, já sei... Vamos até a churrascaria Marlene! Ele me olhou com cara de espantado e disse: Cara, essa churrascaria já fechou a pelo menos uns 10 anos! Caímos na risada por quase 20 minutos e depois eu me rendi, falando para ele: Eh, neném... Estamos ficando velhos mesmo! Enfim decidimos ficar em um barzinho aqui perto de casa mesmo. Comemos bolinho de bacalhau, tomamos um refrigerante e conversamos distraidamente. De repente me peguei prestando atenção em uma torre de chopp, bem ao lado de nossa mesa. Olhei para meu marido e perguntei como é que se faz para manter aquela torre gelada, e, antes que ele me respondesse, eu disse: Vamos embora,  já chegou a minha hora. Pagamos a conta e fomos embora, sem sofrimento.  Viemos para casa e mais um dia de abstinência foi garantido. É assim que faço minha recuperação. Sabendo que o preço da minha liberdade  é a minha eterna vigilância. Por ter tomado a decisão de ontem não usar, usufruí de um domingo maravilhoso. Imaginem se eu tivesse tomado aquele "inocente" chopinho? Eu ainda não teria voltado para casa, tenho certeza, pois sei que para mim, uma dose é demais e mil não bastam"!!!!
A vida é feita de escolhas, e eu venho fazendo as minhas, só por hoje!
O domingo está acabando e para mim ele está garantido, é só por hoje mesmo...




Hoje, escolho ser feliz!
















* Texto com direitos autorais

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