Meu nome é Darléa,sou carioca, tenho dois filhos e uma marido maravilhoso. Tenho uma vida abençoada por Deus.
Sei que tenho muito mais do que mereço e agradeço a cada dia a chance que tive de zerar os contadores da vida e trilhar por um novo caminho.
Só por hoje!
A minha história não é diferente daquelas de milhares de pessoas, espalhas pelo mundo. Muitas dessas pessoas, morrem no obscuro anonimato, e nas piores decadências físicas, morais, mentais e espirituais sem saberem que existe esperança e que é possível parar de usar, perder o desejo e encontrar uma nova maneira de viver.
Na adolescência, me envolvi com o álcool e já na idade adulta, conheci outras drogas. No inicio, foi uma lua de mel. Achei que havia encontrado a formula mágica para todos os meus problemas. Usava nos fins de semana, controladamente. Gostava de ficar naquela roda de amigos que usavam para se divertirem. Usava quando queria, até o dia em que comecei a ser usada e a necessidade de uso, tornou-se algo mais forte do que eu. A minha vida se transformou em um grande festival de insanidades, e, aos poucos, fui morrendo por dentro. Sempre me prometia parar, a cada besteira que cometia. Pensava que poderia largar as drogas quando quisesse, até perceber que eu havia me tornado uma dependente, uma adicta. Fui internada contra minha vontade, em um hospital psiquiátrico. Lá, os médicos me diagnosticaram esquizofrênica , maníaco depressiva e dependente químico, em ultimo estágio. Pedi tudo, meu casamento, meus filhos e pelas drogas quase perdi a vida. Eu me via sem saída. Achava que para mim era o fim. A cada dia, a cada amanhecer eu necessitava de mais doses para anestesiar a dor de viver e encarar minha realidade.
Quando saí da minha última internação, conheci os grupos de mútua ajuda. Lá encontrei pessoas com diferentes períodos de tempo limpo. Elas estavam sem usar drogas e viviam felizes. Me explicaram que o programa era de identificação e que eu poderia me recuperar, se quisesse. Falaram-me sobre a doença da adicção e que ela é progressiva, incurável e fatal, que mata desmoralizando.
Me explicaram, que o adicto era todo homem ou toda mulher cuja vida fosse controlada pelas drogas.
Eu nunca havia ouvido falar nesta palavra: ADICÇÃO. Disseram-me que a adicção é a doença da compulsão e obsessão.
Para um adicto, uma dose é demais e mil não bastam. A obsessão era aquela idéia fixa, que me levava sempre de volta a primeira dose e a compulsão era o que acontecia comigo quando usava alguma coisa que alterasse o meu humor, eu não conseguia mais parar. Percebi que eu era como uma escrava, REFÉM DO USO.
Havia algo de diferente em meu organismo, que eu não sabia muito bem o que era, mas, sei que de algum modo, eu era diferente das outras pessoas que usavam comigo. Muitas delas, conseguiam usar drogas e voltar para suas casas, retomavam suas vidas, eu não conseguia e sempre queria mais uma dose para tapar o vazio que as drogas me deixava.
Nada me bastava.
Após conhecer os grupos da mútua ajuda, podia entender o que era. Era uma espécie de alergia mortal as drogas!
Perguntei aos membros mais antigos como se contraía aquela doença e me disseram que ninguém sabia ao certo. Nenhum estudo científico poderia explicar como se adquiria a doença adicção. E, que isso era o que menos importava naquele momento. Que o essencial era tratar a doença e que a recuperação era possível, através dos 12 passos.
Não importava saber como ela aconteceu, eu não tinha escolha, ou parava de usar ou morreria.
Comecei a voltar as reuniões, e vi o primeiro brilho em meus olhos despontar. Recuperei a auto - estima, vontade de mudar e principalmente de viver. Comecei a trabalhar, fiz cursos, recuperei meus filhos, me casei novamente... Escrevi um livro, onde conto tudo que passei. E, este livro está ajudando milhares de pessoas. Hoje, sou livre, sou gente e estou de volta a sociedade.
Aprendi a me amar e a valorizar cada momento da minha vida, pois ele é único.
É possível voltar a viver, basta querer!
Obrigado,
só por hoje!
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Bjs